quarta-feira, 22 de julho de 2009

SEM SER OCO


O meu homem não sabe que é meu, nem dele mesmo. Meu homem vaga muito pela vida sem ter noção do que é, do que quer. A teimosia do "não" o atordoa e freia suas vontades e realizações. Esse homem é belo, iluminado, mas tem se apagado nas escolhas da vida.
Opaco, vagueia pelas ruas, ora bêbado, ora sem nexo. Se contradiz em suas andanças e caminhos, clareia sua vida pelo farol de seu carro e parece lúcido, parece sensato. Mas está pardo. Tem um mundo a frente, deixa tudo para trás e só erra com os pés descalços. Não se protege, não se reprime, se joga como um pára-quedista livre no ar.
Ele é espírito solto pelo céu. Vaguei como fantasma de seus medos, mas também sabe ser luz. No mar que navega sua alma, ele se joga nas ondas traiçoeiras em combate com o bicho que o rói por dentro. Às vezes ele vence esse bicho, outras se deixa dominar. Mas segue com seu coração trancado pelas mais frias inspirações racionais, onde nada parece o abalar, a não ser o amor que deve acontecer.
O meu homem é um lindo. De balançar corações e pernas. Ele tem voz rouca, fala bonito e olha nos olhos, com vibração e alegria. Ele tem um jeito que todo mundo quer um pouco pra si. Diz palavras bonitas, verdades sinceras, belezas profundas. Atrai as mulheres e a inveja dos homens, odor para poucos. Ele é um homem da vida, de todos os lugares, de todas as pessoas, de todas as horas. Mas ele é meu, de verdade, de essência, ele é só meu. Por isso, ciente desse destino, eu permito que ele transite pelas beiras de todos os cantos, pelos corpos de mulheres aflitas, pelas mãos da solidão transeunte. Porque ele volta para o seu ninho, o seu ponto de partida, mesmo quando ele não sabe o porquê. Eu sou o seu amor.

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