quinta-feira, 3 de setembro de 2009

quarta-feira, 22 de julho de 2009

SER OU NÃO SER


Quero entender os caminhos do amor. Acho que vivemos, amamos, somos amados e ainda não aprendemos a lidar com esse bruto sentimento. Mesmo o jogo do amor sendo esclarecido nas etapas da maturidade, sempre fica as possibilidades e incertezas que insistimos em nos prender. Nos enchemos de empáfia, mas não sabemos se devemos ligar ou não. Se for a hora certa de procurar ou ser procurado e se tomar a iniciativa é a melhor decisão.
Dormir com saudades e rezar para que o destino nos proporcione o melhor caminho e que, no fundo, esse melhor caminho seja o desejo que estamos querendo que seja. Esse duro conflito de razão e emoção entre os próprios pedidos já é lá uma das contradições do amor. Fingimos que não queremos o tanto que queremos, só para não dar o braço a torcer, para não parecer frágil e intensa demais.
Mas e dai? O que vai acontecer se haver fragilidade? Vamos quebrar? Não sei, tenho minhas dúvidas. Afinal o que pode ser pior do que usar máscaras?

SEM SER OCO


O meu homem não sabe que é meu, nem dele mesmo. Meu homem vaga muito pela vida sem ter noção do que é, do que quer. A teimosia do "não" o atordoa e freia suas vontades e realizações. Esse homem é belo, iluminado, mas tem se apagado nas escolhas da vida.
Opaco, vagueia pelas ruas, ora bêbado, ora sem nexo. Se contradiz em suas andanças e caminhos, clareia sua vida pelo farol de seu carro e parece lúcido, parece sensato. Mas está pardo. Tem um mundo a frente, deixa tudo para trás e só erra com os pés descalços. Não se protege, não se reprime, se joga como um pára-quedista livre no ar.
Ele é espírito solto pelo céu. Vaguei como fantasma de seus medos, mas também sabe ser luz. No mar que navega sua alma, ele se joga nas ondas traiçoeiras em combate com o bicho que o rói por dentro. Às vezes ele vence esse bicho, outras se deixa dominar. Mas segue com seu coração trancado pelas mais frias inspirações racionais, onde nada parece o abalar, a não ser o amor que deve acontecer.
O meu homem é um lindo. De balançar corações e pernas. Ele tem voz rouca, fala bonito e olha nos olhos, com vibração e alegria. Ele tem um jeito que todo mundo quer um pouco pra si. Diz palavras bonitas, verdades sinceras, belezas profundas. Atrai as mulheres e a inveja dos homens, odor para poucos. Ele é um homem da vida, de todos os lugares, de todas as pessoas, de todas as horas. Mas ele é meu, de verdade, de essência, ele é só meu. Por isso, ciente desse destino, eu permito que ele transite pelas beiras de todos os cantos, pelos corpos de mulheres aflitas, pelas mãos da solidão transeunte. Porque ele volta para o seu ninho, o seu ponto de partida, mesmo quando ele não sabe o porquê. Eu sou o seu amor.

O AMOR QUE NÃO ACONTECE QUANDO DEVERIA ACONTECER


Shakespear dizia que o amor é o escândalo da aritmética. Que transforma dois em um, sem constrangimento, nem explicação. Mas digo que o escândalo é maior ainda. Porque transforma duas pessoas diferentes em iguais.
O ser humano busca pessoas diferentes de si, mas que tenham todos as suas semelhanças e afinidades. Num mundo tão heterogêneo, encontrar essa pessoa pode ser uma missão impossível. Mas errando e acertando ao longo dessa vida, numa busca constante e universal de encontrar a cara metade, vamos testando os diversos tipos de sentimentos e sensações, com pessoas variadas e inconstantes.

Porque ele gosta de música clássica e ela de funk, mas sente uma atração tão inebriante quando ela sorri? E mesmo se ele já tem mestrado em engenharia e ela esta terminando o cursinho de pré-vestibular para fisioterapia, tudo o que ela diz a ele parece tão interessante, tão diferente, que dá vontade de ficar ao lado dela pro resto da vida. Porque eles têm em comum aquela ponta de cotidiano e afinidade que não temos capacidade lógica para identificar. Apenas podemos sentir.

O amor é a lógica da fé. Não se vê, não se explica, não se toca. Apenas sentimos, acreditamos e mudamos nossas vidas. O amor é a grande mudança. Apenas ele e mais nada, é capaz de gerar caminhos definitivos, seja pela falta ou excesso.
E com a frase "o que tiver que ser será", em cada etapa de nossa vida encontramos um amor diferente, que irá nos complementar de acordo com nosso momento atual. Mas ele pode ser tão completo, que pode durar por um longo período ou mesmo pela vida inteira. Então deixa de ser dois para ser apenas um. E ai voltamos para o escândalo da aritmética.

terça-feira, 21 de julho de 2009

DOS MALES, TODOS


Quero todos os males
Os piores e mais doces
Os ácidos também posso suportar.
Todos, sem fim.
Quero os males, as dores, as ilegalidades, os despudores, as falsas palavras e sentimentos
Não ortodoxos.
Quero cair do abismo
Sem medo e sem paraquedas
Quero subir no mais alto penhasco, enaltecer a paisagem e apagar minha memória já fraca e desnecessária. No ar, no vento, na nuvem, a plumagem dos anos se perdem e só resta o encanto.

Doce encanto...
Lembrar dos amores, aqueles velhacos passados e não quistos... prefiro esquecer, apagar como borracha suja, que deixa borrão.
Homens despudorados, que o único empenho foram me fazer mal.
Paixão é um mal da humanidade, mal necessário e que provei com gosto...

Quero o sexo da boca, da palavra, do corpo e do silencio.
Sempre gostei de sexo, mesmo velado, mesmo posto a margem e inatingível.
Não posso me esquivar dele, jamais... carrego o sexo nas nuvens que salto, entre meus seios arrepiados e nas minhas pernas molengas de lembranças de gozo.
Quero o sexo, atroz, vivo, agora.


Quero a bebida, o vinho, o absinto. O entorpecente delírio do álcool e dos vícios. Arrepiar os pelos dos outros, com uma liberdade comprada em litros e tocos.
Rir alto e dar a desculpa do excesso de líquidos. Poder me jogar diante das maiores bravuras dos homens, sem pestanejar. Sem a desculpa da louca coragem sã.


Sou a louca dos trilhos do trem, que tropeça em cada dormente. Posso ser atropelada pelo trem, mas o tempo é mais eficaz.
Minhas marcas da idade já são visíveis e indisfarçáveis. Horrendas fendas em meu maculado rosto de boneca.
Mordo quem me corrói e me irrita. Meus dentes já não estão tão fortes, mas espanto.


Vou pular no penhasco mais alto... vou navegar nas pedras pontiagudas desenhadas pelos anos. Vou cuspir pó e sangue na cara dos tolos.
Não quero os tolos por perto, nem os covardes.
Só quero os males, todos, um por um e seus pecados enfileirados.

sábado, 18 de julho de 2009

EU TE AMO


Amor assusta, paixão assusta. Até amizade assusta. O sentimento, seja ele qual for, dá medo. Uma paura que começa a arregalar os olhos e a palpitar os pulsos.
Tudo o que não se pode controlar, muito menos explicar, apavora. Tudo deve ser tátil, objetivo, entendido e anotado.
A poeira do talvez, o que não cabe em palavras, faz tremer.
Dizer que se ama, seja lá o que for, como for, causa crises de dúvidas, incertezas e até afastamentos.
Então a gente ameaça... "eu gosto"... fica mais fácil assim, vamos testando a pessoa e nos ambientando para não ouvir não.
Chegar de supetão com um "eu te amo" é provavel morte.

QUANTO VALE?


Amizade se mede como?
Pelo tanto de tempo que se dá ao outro?
Pela confiança?
Pelos assuntos que se podem ou não serem conversados?
Pelas gentilezas trocadas?

Amizade tem valor agregado? pode ser etiquetada?

Tenho amigos que não tem como medir, como mensurar, como atribuir nota ou denominar sentimentos.
Estão acima do céu. Acima dos nomes. Acima de tudo o que não importa.

SIM


Eu poderia ter três homens por dia, consecutivamente, durante toda a semana, o mês, o ano. No mínimo.
Mas só quero você.
Posso procurar uma explicação plausível para isso, mas acho melhor ser sincera: não sei.
Não é falta de opção, mas de sentido.
Quando te vejo, busco em seus detalhes algo que possa distorcer esses desvalidos sentimentos e encontro todos.
Mas então entendo que o que me encanta em você não está ao alcance dos olhos.
Dizer que te amo é um arrombo de impulsividade, mas não tem palavras no dicionário para designar meu embrulho no estomago e o arfante que me acomete ao lembrar de teu gosto.
Perdi esse jogo, mas não a competição.

NÃO



Luto insanamente contra você. Ao teu lado, sou uma guerrilheira, sem ideologia. Não meço esforços para ser cínica, ardilosa, implacável. Quero te alfinetar, agredir, afrontar. Quando vejo teus olhos de susto, esboço um sorrido de vitória.
Que vitória?
Eu sou a franca perdedora, amedrontada, a espreita, tremula e insegura.
Logo eu... logo eu...
Ouço suas palavras jocosas, com a crueldade de uma adaga afiada. Não tem vincos e brilhos. Está ali para me amarrotar.
No fim, você sorri. Finge que não percebe, está diante do meu asco dramático, se disfarça de anjo, me encanta com os seus infinitos e dissimulados olhos de cigano.
Não sei lidar com meu reflexo.

TALVEZ




Tem uma pane aqui dentro. Há imagens desconexas, meus olhos esbugalham, bochechas ardem, mãos pingam de suor, o peito vai explodir...
Paixão. Sentença da minha suposta morte.
Nem consigo pensar e concatenar as palavras em uma frase coerente onde seu nome não é citado. Não tem remédio. Se eu te vejo piora.
Melhor fingir que não se é normal.

terça-feira, 14 de julho de 2009

MEU


Quero o doce da tua boca. O fôlego que acumula em teus pulmões. Quero te beijar e te deixar roxo. Você puxando o meu cabelo, tentando me tirar e me trazendo mais pra perto.
É o jogo.
Você me tem e eu te domino.

AROMA


Eles têm um mundo tão completo... Tão perfeito... Que não há brecha para o olho negro da inveja, para o desatino, para as perversões.
Só o amor.
E a música, que transforma em bruma o assoalho e pinta de rosa qualquer forma de ar que os rodeiam.
Do lado deles, qualquer sentimento parece pequeno demais para se descrever. E eu, me contento em admirar o que a vida pode proporcionar atraves da poeira.

ELES GOSTAM DE DANÇAR


Ela é mais velha que ele e cisma que a idade pesa. “Somos de galáxias diferentes”, ela tenta explicar, mas se cruzam cada vez mais no espaço dessa paixão.
O amor e os encontros, tantos desencontros. Tudo pode dar certo e tudo pode dar errado. Não basta a diferença de idade, a condição social, a raça, religião, visão política, sexos opostos, sexo de iguais, tudo pode ser uma desculpa para dar muito certo ou muito errado.
Meus amigos são assim: ela é mais velha, lourinha e mantém sua imponente responsabilidade. Ele é mulato, dez anos mais novo e um sorriso de sonhador que contagia. Acumulam entre si outras variações conflituantes, a quem está pronto para apontar incompatibilidade. Afinal, tudo poderia ser muito estranho entre eles. Mas quando eles dançam a gente percebe que vieram do mesmo planeta, porque nada em torno faz o menor sentido, a não ser o amor.
E de que importa os adornos se eles gostam de dançar?
Doce procura em construir uma vida em comum, caminhando pelos destroços do passado, acreditando que tudo pode se ruir...E se não ruir?
As pessoas são assim, cada um em sua gaveta, mas tem uma hora que as gavetas se fundem...
Se um quer os holofotes e o outro a retidão, e daí? Um precisa correr de manha cedo e o outro acordar depois do almoço. Um é romântico convicto e o outro seco como uma rocha. Enquanto um berra, o outro chora. Um quer alcançar o mundo e o outro se contenta com o essencial. Um precisa desabafar o que sente e o outro guardar.
Mas ai descobrem que gostam de comédias.
Um só entende relação se houver aliança, o outro só precisa do amor. Um quer filhos e o outro foge de crianças. Um quer casa no campo e o outro condomínio.
Eles querem terminar a noite com vinho tinto.
Os dois dizem que não ligam para dinheiro, mas isso quase sempre é o mote da separação. Um é carente e o outro foge de excessos.
Os dois são ciumentos.
Um quer saber de tudo e o outro quer esquecer o que aprendeu. Um se sente sufocado e o outro só. Um prova todas as camas e o outro só quer relembrar e chorar.
Quem de nós é igual? Quem é diferente?
Mas meus amigos dançam... Não precisam de desencontros, encontros, dúvidas. Eles não se comparam, não se medem. Esquecem que podem ter contradições, distancias, desencontros, segredos, medos. Tudo no compasso da música, até quando ela se silencia.
Na galáxia que eles vieram o que importa é o beijo e isso eles fazem muito bem.

PARABÉNS...


No meio de pratos imaginários que voam, você me disse que não tenho amigos.
Parei para chegar no meu orkut e lá estavam 424 contra seus 426. Bem, você saiu junto com sua troupe, então estamos tecnicamente empatados! Vá lá, metade são amigos virtuais, pouco conhecidos, mas também estão colegas de faculdade, colégio e até jardim de infância, amigos distantes, de infância, íntimos, familiares e tantas lembranças que ajudam a moldar o que somos.
Ok, minha história está salva!
Assim como a nossa briga, contar amigos pelo orkut é uma tremenda tolice. Somos muito além de páginas na internet e números. Somos pessoas.
Porque estavamos brigando mesmo?
No meio de tantos amigos importantes e nem tanto, virtuais ou não, você era a única pessoa que eu queria passar o dia do meu aniversário. Foi o escolhido, sorteado, ou, como prefiro, reconhecido.
Não gosto de badalações e bajulações nesta data. Acho que é um momento meu, de reflexão e brinde, não cabem multidões esfomeadas. Quero passar sempre com quem, no momento, faz meu coração se acalmar e respirar aliviado. Aprendo que a cada ano preciso de muito pouco para ser feliz.
Eu dei espaço para meu personagem no dia anterior e você estava lá... mas quando a máscara saiu de mim, eu queria os meus.
A gente tá brigando com tantas coisas idiotas... mas não é por causa de um fato em especial, mas do acúmulo de situações mal resolvidas... Inseridas em desculpas, em motivos aparentes. E a gente via se ferindo por tão pouco.
Agora estamos brigando, farpas e acusações para todos os lados, desencontros de informações, coração pequenino e apreensivo...
Onde está meu amigo de todas as horas?
Eu te reencontrei, lembra? Não quero te perder de novo, nessa e em outras vidas. Não há dinheiro que pague, balança que meça, palavras que expliquem o amor de um amigo e que possam agregar algum tipo de valor para qualificar.
Mas as escolhas, como são duras as escolhas.
Mais duros são os impulsos...

sábado, 11 de julho de 2009

SINA


Segue teu destino, arruma tua mala, pega o trem... vai para onde quiser ir, mas que seja agora.
Não posso suportar tua ida, mas preciso dela para ir também para algum lugar.
E a hora de ir, de partir, de suprir a vontade de novos ventos.
Não dá para doer tanto mais que já doi.
Basta, siga em frente, não olhe para os lados, muito menos para trás. Não se desfaça em lágrimas, engula o pranto que eu farei o mesmo.
Não tem meia volta, nem retorno agora. Por hora, tudo o que te peço e prometo é que a ida é definitiva. Não posso te dizer mais nada.
Não consigo. Minhas palavras estão na tua mala. E também o meu sentimento.
Então não abra ela agora, não vá espalhar o que sinto por ai, nem o que está dentro de você.
É assim mesmo.
A despedida doi.

LIMPA COMO UM BREU


Eu coloquei um lenço na cabeça, me apossei do espanador e de outros artefatos de limpeza e decidi arrumar minha vida, tirar o que está demais, colocar o que está de menos e mudar.
É a hora certa, mudança de planos, idade nova, emprego novo, amor renovado, novos amigos.
É o tempo certo, o momento chave, agora ou tarde demais.
Limpando as gavetas da alma para encaixar o que estava sobrando e impedindo a gaveta de fechar.
Preciso jogar os papeis que não servem para nada, os adornos tolos, as lembranças fúteis, as rixas e mágoas que só mancham.
Quanta bagunça... Quanta desistência... Rosas secas, cartões de visita, declarações melosas, criticas construtivas e destrutivas, amargor... Tem um cheiro de saudade quando viro as páginas do livro que ganhei...
Amores perdidos, errados, exaustivamente cutucados...
Amigos que desperdicei com tolices, amigos que perdi por bobagens...amigos que valorizei demais sem merecerem...
A vida é uma bagunça! Sacos de lixos entulhados, prontos para a reciclagem.
Vou começar a colocar a mão na massa e entender meu coração.

SUBLIME




Es meu. Definitivo e concreto. Sem que saiba, sem que ameace fugir. Es meu. Apenas e sublime, contido, silencioso. Tênue, másculo, tímido, fluido.
Es meu sonho, o vento, o mundo que se atropela, o mar, a nuvem que se deforma, o brilho, a bruma, a linha, o rabisco.
O impossível. O homem que me desalinha, que me abala, que descontrola meu comando...

Não es meu... não tenho, não terei, não te domino, não te confronto, não te possuo.
Não terei, não farei, não será.
Porque o mar, o sonho, o vento, o mundo, as nuvens... são de todos, de ninguém, do nada...
Não te tenho, não terei, não será.
Quero te descrever de outra forma além das letras, no além, no nosso mundo, aquele que descobri com você. E assim serás meu. Da única forma que posso ter...
No amor.

DE MIM PARA VOCÊ, O QUE SE TEM.




Em crises e prantos, a gente termina e começa histórias. Se arrepende, ergue a cabeça cheio de orgulho e a garganta com um nó insuportável. A vida é de idas e vindas... algumas para sempre, outras nem tanto.
Pode acabar no fim, ou apenas recomeçar. Sabe-se lá? Mas sempre tem a lágrima que cisma em cair quando a gente finge que não ta nem ai. Um grito equivocado e a vontade louca de mandar parar o mundo e admitir que ta errado, mesmo quando não se está.
E a gente vai andando pela areia, vendo a onda bater nos pés e entendendo que tudo é tão pouco para a dimensão do mar... tudo é tão passageiro...
Mas quem poderá dizer que a vida não é superior?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

SILÊNCIO


Eu recebi um soco no estomago que me fez sangrar. Meus dentes, agora vermelhos, rangem. Acho que meu cérebro parou, só sinto um vazio profundo e ocre. Nem tenho vontade de chorar, a dor já está inserida na veia, correndo feito veneno.
A rotina, o mesmo, o igual do ruim de sempre, arde demais...
Como posso odiar minha mãe? Ouço lindos relatos sobre maternidade e do quão as mães sabem ser sábias em suas limitações. Mas para todas as distancias, há o amor.
Em mim não há ou talvez ele seja muito pouco, aquele amor tênue pelos seres humanos e cômodo pela proximidade. Mas de verdade, sem firulas, tanto faz se ela sorri ou se debulha em lágrimas, se sente prazer ou amargor. A indiferença é pior que o ódio, porque ela reduz ao nada qualquer sentimento. E eu não sinto nada e viro a página para olhar meu caminho.
Tranco a porta e as paredes estão frias. Tem cheiro de umidade no quarto mas nem sinto. Estou permanentemente gripada, para ter desculpas. Gosto de volume baixo neste momento, para não acordar meus ex amigos imaginários. Passo horas olhando o teto, relembrando ações e palavras de meus sete anos e de como isso ainda afeta o meu fígado.
Demora a passar... procuro nos arquivos, outras dores, menos causticas. Quero o canivete do fundo da gaveta para cortar essa acidez. Serve copo d´água.

SEGMENTOS


Feche os olhos. Teu peito grudado ao meu domina o ar. O meu ar. Tem o controle agora e não vejo saída pelas próximas décadas. Nem precisa me segurar, minhas pernas estão tremulas mas não caio. Faça o que quiser, não apresento objeção.
Ouço sua voz e preciso ouvi-la um pouco mais. Em silêncio, sua voz.
Abra os olhos agora, estou aqui. Estatelada e nua, como quer.
Para que explicar de onde vem o amor?

SALMORRA




As dores imensuráveis, todas acopladas ao corpo de cada um.
Vejo as suas, já tatuadas e ainda ácidas. Não vão passar. A borracha borra cada gota de tinta de sangue, exposta em vida. Não há saídas e nem retornos. Estão todas lá, em detalhes, martelando seu estomago, que tem um bolo incoveniente e não expurgado.
Cada um tem sua cruz, todas pesadas e incomodas.
Coloca a sua no canto do sofá e aceite uma cerveja. Tem dor e amor em todos os cantos da vida e agora eu quero te dar colo.

terça-feira, 9 de junho de 2009

SEM COMBATE AO SILÊNCIO





Te amo exclusivamente da forma que sei amar. Inteira. Sem manequeismos ou farsas. Para quem? Somos intensos, absolutos. Somos um par perfeito as avessas, fora das expectativas, formas, estrofes. Sem rótulos de estigmas ou fardos. Alem do sexo e dos dogmas. Amigos definidos, delineados, amadores, divertidos. Inteiros. No maior amor de amigo que se pode iniciar uma historia: Sem ter que provar nada a ninguém.
Admiro suas crises e suas atitudes, acho graça de sua imaturidade. E seus olhos sérios e reprovadores são incrivelmente sedutores. Gosto de seu sorriso de moleque, sua sensibilidade marejada e a sua capacidade de mudar de reflexo. E de opiniões, firmes opiniões devassadas.
Você se parece comigo, até quando não se parece com ninguém.
Sou dominada por um instante, de uma subita vontade de ter você do meu lado nas mais singelas passagens da vida.
É um homem de atitude, criança de brincar, sujeito impar no meu coração.
Amigo de todas as horas e das horas que não se tem amigo nenhum. Mas lá está você defronte, sinuoso e austero, pronto para ir além, como sempre foi.
Amigo de bate estaca, funk, samba, ziriguidum, bebidas, atalhos, gritos, impulsos, paixões, frio e calor. Complexo, igual, lunático, esporrento, dificil, poeta.
Quanto tempo te conheço mesmo?
Te amo exclusivamente... Porque ninguém consegue ser para mim o que você é.
Para sempre.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

CHAMEGO






“_Olhos lindos que você tem.” Mas só posso pensar, falar apenas o trivial. Me policio para não deflagrar o que sinto diante de você. Mas minhas mãos tremem e derrubo bebida em meu vestido.
Teimo em não te monitorar, mas meus olhos não obedecem. Uma espécie de hipnose que seu jeito tímido é capaz de fazer com o meu jeito altivo.
(Na esquina, teu pescoço. Só eu me apaixono por pescoços... salivo com a imagem de minha boca mordiscando teu pescoço...)
Silêncio. Olho para o lado, preciso mudar de assunto.
Estranho eu ainda ter seu perfume entre meus dedos, mas não me lembrar do gosto de sua boca.
“_Pare de olhar para mim e me beija!”
“_Me abrace logo porque vou sufocar”
“_Quero você dentro de mim!”.
Todas em todas as tolices que me fazem corar e falo com você assuntos triviais. Faço força para disfarçar o meu ciúme quando você acaricia uma outra mulher.
Não sei explicar para meus instintos que não temos nenhum compromisso, porque eu não paro de pensar em você e no quanto você é essencial em minha vida, como se você não tivesse apenas surgido, mas sempre fizesse parte de mim.
Onde está o teu mapa? Cadê o seu tradutor? Será que existe cursos para desvendar seus passos?
Meu menino carente, com cara de colo... no fundo, quem quer teu colo sou eu.

sábado, 6 de junho de 2009

SUFOCAMENTE DISTANTE




Gosto de guardar caquinhos de sentimentos e pedaços de qualquer coisa que agrupem memórias. Mesmo que nos caquinhos estejam pedaços já mortos, de algo que não se quer ou não se quis ou já foi e não pode voltar mais.
A dor dos cacos sempre resta no sangue da ponta, aquele sangue que manchou o tecido branco da cortina.
Nem dá para tirar manchas. Tudo se guarda em algum lugar.
Gosto de murmurar tolices e reclamar de tudo o que é quase nada. Acordo os passantes. Fica grotesco e disforme, agridoce e contagiante.

É, eu gosto de coisas distintas.

Quem sabe eu acorde com o refrão tosto e firme do tédio?
Tédio... esse dogma formatado pelo pânico de ficar sozinho... Um brinde a solidão! Alias, brindes: um para mim mesmo e outro para o vazio. Dois brindes e mais nada além do tédio. O escuro, o breu, o silêncio, o medo, o tédio.
O que são essas coisas além de nosso pensamento restrito?
A liberdade não contém amarras e nem adjetivos. Ela apenas vai e flui e se permite.
Com cacos quebrados, rabugices pré-escritas, silêncios e ojerizas, só a liberdade se permite rir de tolices.
Me diz o que é o sufoco que te mostro alguém para te seguir...
Xiiii... o silêncio quer dominar.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

NO ESCURO, ABRANGENCIAS




De criança era normal demais, tão normal que chegava a destoar. Não era muito de brincar de piques, tinha só uma boneca a quem trocava monossílabos e carinhos zero. A idéia de mãe e filha me incomodava deveras. Preferia ler bulas dos remédios de meu pai aos romances “água com açúcar”. Decorava cada posologia, advertência e efeitos colaterais. Pensei em ser médica, química, enfermeira ou farmacêutica, mas trabalho no balcão de uma loja de ferragens. Lembro dos gritos de minha mãe quando meu pai colocava a chave na porta para entrar. Por vezes, ele estava bêbado, mas era inofensivo. Ela parecia ser mais perigosa. Bradava mais que os cães, socava portas, quebrava copos e pratos, cuspia palavrões e saliva. Seus olhos quase saltavam de seu rosto envelhecido. Me dava nojo, nunca medo.
Tinha medo era do meu pai. Sua calma diante dos gritos, incapaz de um gesto abrupto ou uma grosseria sequer. Eu ficava de pelos arrepiados. Ele bebia para apagar minha mãe de sua mente e abortar sua vida medíocre de funcionário publico. Mas seu cotidiano era absurdamente convencional. E sua fronte, pálida e sem rigor.
Sabe-se lá até onde vai o limite de um homem?
Minha família não era dada a afagos e meu pai tinha um olhar profundo, de uma tristeza contemplativa. Talvez era acalentado com as dores do próximo ou com a própria agonia de estar preso em si mesmo.
“Querido pai. Você me perguntou recentemente por que afirmo ter medo de você. Então acho que é esse o momento certo para te dizer o motivo. Tenho medo de homem covarde.”
Dobrei o bilhete e coloquei dentro do bolso do terno cinza chumbo, adornado por um cravo vermelho, que encobria seu corpo dentro do caixão.
Sua tez nunca esteve mais corada.

ALONGA DRAMAS





Eu deito no sofá vermelho da sala úmida e espero para tomar uma decisão fundamental na minha vida, só não sei que tipo de decisão será suficiente para me fazer mover um músculo. Espero horas e observo o vento mover a cortina fina da janela. O sol muda de posição e eu não.
Tinha um som de música no fundo do prédio. Mas era tosco demais para me animar. A empregada da vizinha nunca teve bom gosto.
Refleti um tempo para criar forças e alcançar o controle remoto. Os canais pareciam iguais e optei pelo chiado íntimo de um fora do ar.
Detesto olhar no espelho. Sempre me achei feia. Mas aquele dia era diferente, eu queria que fosse, e olhei no espelho. Ajeitei um pouco os cabelos enrolados e arrepiados, tirei um cravo visível no canto da boca, ajeitei os dentes que pareciam gastos e falei sozinha para ver como era minha cara se movendo. Ofeguei forte para oxigenar o cérebro. Cheirei o suvaco e tinha um odor ocre, parecido com meu hálito. Estava me sentindo azeda, mas era melhor que morta. Tirei a blusa, ela que fedia. Joguei na cesta de roupas sujas, já abarrotadas pelo meu descrédito. Olhei meus seios murchos e tristonhos. Não emitia nenhum tesão. Vasculhei o resto de roupa amassada que pairava no canto do guarda-roupa e peguei uma blusa cavada, que era de minha mãe quando jovem. Por um minuto pensei ter voltado no tempo e sentido o abraço dela, no seu pequeno momento de maternidade.
Quase suspirei com isso, mas voltei ao mundo dos tortos.
“Só os idiotas são felizes...” eu sei, eu sei, eu sei... Queria ter sido burra sempre e me penitencio por saber demais o que não era para saber. Hoje prefiro o silêncio, consolador, devastador, que me acalanta. Essa coisa de felicidade é utopia de escritor babaca, bêbado, depravado. Quem tem espelho em casa e uma vida comum não entende o que significa isso.
Felicidade... arght!
Quando penso nisso, me revolto, esboço até um passo diante da porta. Chego a girar a maçaneta, em vão. Não tenho forças para sair e me deparar com o mundo lá fora, minhas pernas estão bambas demais.
O telefone toca. Franzo a sobrancelhas, viro e bato com as mãos no móvel da sala. “Merda! Quebrei a unha!” Atendo o telefone, silêncio.
Fico imóvel. Segundos que parecem horas, talvez dias. Alguém fala baixo...”sou eu”. Eu sei que é você. Não falo nada.
Murmúrios longos no telefone, respiração. Não entendo, não quero entender. Quero desligar. Não consigo. Minha mão está dura com o fone colado no ouvido e o suor escorrendo pelo meu braço, num fio tênue, o fio que separa o ódio do amor.
“To indo ai”. Não venha, não quero, não tenho coragem de dizer. Ele desligou. O fone permanece no meu ouvido até que o som me perturba mais que a própria ligação.
Minha cabeça está oca, não consigo pensar em nada, nem no bom, nem no ruim, nem no conteúdo tosco dessa ligação. Mas “to indo ai” não sai dos meus ouvidos... um mantra, ou uma culpa. Talvez um desvio ou minha própria vontade.
Que vontade? Que vontade de nada! Nem de levantar tenho vontade... nem de pensar.
Voltei para o espelho. Arregalo os olhos e não me reconheço. Outra mulher, quimera... meus dedos amargam cebola. De ontem. Cebola não sai tão cedo das mãos e da boca. Ontem eu comi pela última vez, não lembrei de hoje. Acho que deveria comer um pão. Meus peitos estão muito caídos, os olhos também. Meus cabelos estão estranhos. Tento penteá-los com a ponta dos dedos. Continua a mesma porcaria. Fico perdida no tempo de frente para o espelho. Não percebo o tempo passar. Nem quero perceber nada.
A campainha toca. A maçaneta se move. Ele tem a chave.
Aparece com cara de nada, me olha piedoso e pergunta se está tudo bem. Ele já sabia da resposta. “ Vim pegar minhas coisas, to sem roupa para vestir.”
“Ah, pega o que quiser, pega as lembranças...” arrisco a pensar, imóvel, intacta.
Ele tropeça no meu vestido preto, o último que ele tirou do meu corpo. Ainda está no mesmo lugar. Se ainda tivesse o pedaço da carne que me tirou, estaria podre. Talvez esteja. Parece coisa de Chico, ele pega primeiro os seus cds. Pega os meus também como se eu não estivesse vendo. Recolhe os retratos, os livros, as folhas e o amor que estava derramado no carpete úmido.
“Tem roupa sua no varau...” eu nem queria te avisar, mas você nota. Reclama do cheiro de mofo. “Sou eu...” nem falo. Comenta da sujeira e dos pratos na pia. “Dane-se”. Ele não escuta. Ou finge.
Ele está tão bonito. Limpo, cheiroso, um sorriso no rosto de quem está feliz, nem tem remorso de mostrar. O seu dorso é tão belo! Lembro que o amei quando o vi de cima para baixo, ao pegar uma caneta no chão da faculdade. Tinha uma luz que batia exatamente nos seus dentes brancos e perfeitos. Não posso lembrar mais dessa visão. Só quero lembrar da última, da que sofri, da que perdi a fé que Deus pudesse existir, da que perdi o amor que resistia dentro de mim, até por mim mesma.
Não consegue sequer fingir tristeza, saudade, pesar, um parco amor por entre as entrelinhas. Recolhe suas roupas e esquece de recolher o sexo manchado no lençol. Está com pressa, quer ir embora logo, fechar a porta, virar a página, dobrar a esquina, tomar um porre, me apagar de sua agenda, borrar meu nome de sua vida. Está com pressa, a visão de meu corpo parado na porta do quarto, olhando, quieta, sem expressão facial, incomoda. Um saco de lixo preto é invadido pelo resto de você na minha casa. “Nossa casa”, era sua também.
Recolho teus rastros e quadros. Te abarroto de términos. Você para diante de mim.
Agora não tenho como escapar. Virei criança indefesa, meu corpo amolece, meus olhos lacrimejam, minha boca seca, meu corpo anestesia. “Te quero muito bem, se precisar de mim, ligue.”
“Preciso de você dentro de mim” Não digo. Silêncio. Você me beija o rosto, boca molhada, beijo lento, passa a mão nos meus cabelos, devagarzinho... tão perto que meu coração vira sonata.
Nem vejo você partir. A porta tranca por fora. E permaneço no chão. Sem o próprio chão. Quero o meu sofá.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

UMA OSTRA NO MEIO DO RIO


Não sou daqui, esse mundo não é meu.

Olhei para os lados e nada reconheci: as cadeiras vermelhas que pareciam frágeis, riscadas pela ferrugem e sujeira; as mesas brancas e também enferrujadas, úmidas de bebidas que derramavam da borda dos copos; as garrafas vazias, os copos com espumas e alguns com marcas de batom; o chão em pedra desalinhada ainda molhada pela chuva que caiu no fim da tarde; risos, gargalhadas, fala alta e quase inaudível; os rostos, nada familiares, me fitam.
Quero pular daqui, mas agora nem sei onde vou cair.
Nada me pertence aqui, nem o ar.
Alguém me fala amenidades e um homem toca meu braço. Ele me conhece?
Olho ao redor e estou perdida. Procuro o útero materno, ou um colo para me recolher.
Um fiapo de medo me atravessa. “E se eu não me encontrar?”
Quero gritar, vou gritar... um homem coloca um copo gelado em minhas mãos. O frio congela minha garganta.
Não sei se agradeço ou jogo o copo no chão.
Alguém me conhece? Porque eu estou aqui?
Vou chorar, melhor chorar.

Flash.

Às vezes caminho em estradas que escolhi e depois não a reconheço como sendo minha. Passo por pessoas diferentes e não entendo porque elas fazem parte de algum momento de minha vida.

Não sei sempre para onde vou e quase sempre não sei porque estou lá.

quarta-feira, 25 de março de 2009

ARAUTO


Gosto de tudo o que é claro: janelas, roupas, dia e palavras. Odeio metades, pedaços, restos. Suporto tempestades, ventanias e rotinas, mas morro diante da hipocrisia. Meu talento é brigar com o mundo para ser o que sou de verdade e não meço as conseqüências de ter meu próprio caminho.
Lamento os dogmas, preconceitos, medos de romper leis sem sentido, daquelas que colocam correntes na alma. Minhas asas não são podadas e mesmo com o céu cinza, vôo quando tenho vontade de voar.
Não acredito em meias verdades e em “achismos” que não são fatos. No meu dicionário, verdade significa amor.
Abomino palavras frívolas que se espalham pelas vielas, como lama de esgoto. O mal se dissimina como vírus nas veias de quem se permite acolhe-lo.
Meu peito está nu, sem vergonhas ou falsos moralismos e admito a esquizofrenia fadada da carência, que impregan meus movimentos com rotulada chatice. Dos meus lábios soltam flores e porcos e os meus pés já andaram em ruas sem decência. Pouco importa os defeitos se o meu coração se mantem vermelho escarlate diante de tudo o que se move.
Meu tempo é agora, minha vida pode ser um livro cheio de letras enfadonhas, mas nunca resumido em resenhas. Traço meu caminho a lenha e vou pelo avesso, só para não enjoar.
Perdôo mágoas, grosserias e injustiças e propago que todos podem ter mais uma chance de acertar o alvo, até quando o alvo é o próprio pé. Os tiros saem pela colatra, as palavras voltam como tapas na cara e um gesto nunca fica impune.
Permaneço com os pés na areia quando a onda bate forte e leva as pegadas. Ainda quero as coisas claras, sem rodeios, mesmo quando dá medo de acender a luz.

terça-feira, 17 de março de 2009

SEM SAIDA


Você me angustia quando retoca os óculos no lugar. Seu jeito turvo de virar a cabeça denota timidez. Falsa timidez, concluo. Você fala manso, tem voz doce, pausada. Seu caminhar é descompromissado, induz liberdade provisória e sua roupa contribui para essa impressão.
Mas não me engano: amo um lobo. E que me devora, sorrateiramente, nos vãos que encontra de soslaio. Me chama de filha após se saciar e eu fico em silencio, semi amedrontada.
Sou presa fácil... range os dentes quando vê meu pavor. E um pavor sublime, do tipo que verte para as nuvens e ventanias.
Sinto saudades dessas presas quando estou suspeitamente liberta. Um vicio, que pode ser para sempre ou talvez, tarde demais para entender.

DESCONJUTADA


“Me dá sua mão, estou com medo. Faz frio aqui, tremo. Ta escuro! Onde está a luz? Sim, te sigo. Lógico, confio em você. Te amo, posso dizer? Ta bom não é a hora. Mas terá uma hora? Ok, sou ansiosa, vou aprender a respirar. Sim, vou aprender, farei força. Estou quieta, pronto. Vou continuar a andar. Meus joelhos doem. Não, não vou começar a reclamar, mas deu uma câimbra estranha na batata da perna. Adoro suas mãos no meu corpo. Não para, por favor. Me dá um beijo. Adoro teu beijo. Minhas pernas ficaram bambas. Sua língua me arrepia. Gosto quando seus dedos não se controlam e testam meu sexo. Não saia mais, por favor. De alguma forma te quero dentro de mim, para sempre. Não para... tá bem, vamos continuar. Sozinha? Jamais! Sem você meus pés engessam. Sim, tenho medo de seguir sem tua mão. Sou forte, mas sem você não tem sentido seguir. Pronto, meu coração acelerou. Não me deixe sozinha. Fica mais um pouco, não sou corajosa sem você. Vou implorar para você ficar até ficar uma chata insuportável. Sim, consigo ser muito chata, você sabe. Você tem medo? De mim? Para... não faça isso. Eu te protejo. Como? Não sei, talvez eu tenha asas. Vou te apertar contra meu peito até te sufocar. Confia em mim. Não, não vá. Porque? Posso dizer agora? Te amo. Sim, é verdade. Não sei se você me ama mais que eu te amo, mas porque medir? Amor não se mede querido. Olha para mim, to entregue a você. De joelhos para te dizer que sem você não faz o menor sentido continuar a andar. Me leva onde você quiser. Promete que lutará por mim? Acredito em você. Posso acreditar? Nunca te esquecerei, você está dentro de mim como uma tatuagem. Não sai nunca. Não me olha assim... dá vontade de chorar. Você sempre me faz chorar. Tenho medo de não ter suas mãos no meu caminho. Não me solta. Vou ser repetitiva, você pode me odiar um dia. Sério? Me ama mesmo assim? Duvido! Amanha? Não sei. O que é amanha? O tempo é cruel e bom, mas não sei se ele está do meu lado. Tenho medo dele. Porque? Porque te amo. Fica...”

segunda-feira, 9 de março de 2009


Amigos??? melhor não te-los!
Mas sem eles, o que seremos?

ELO

Não quero beijos, promessas, sexo e nem discutir a relação. Quero apenas teu abraço, silencioso, firme, teu. Não preciso que me digas o que fazer e dar conselhos sobre meus problemas. Apenas peço que me abrace.
Vou encontrar meus caminhos, tecer energias e me sentir protegida pela eternidade nos teus braços. Mesmo que depois você se vá, na espreita da noite e sem deixar um bilhete de adeus.



quinta-feira, 5 de março de 2009

Ciumes, eu?



Ciúme é uma palavra carregada de palavrões nas entrelinhas. É tão condenável sentir ciúmes, que já vejo com a corda da forca no meu pescoço se me atrevo a tal pecado.
Mas ciúme é humano, como todos os pecados são. E eu sou humana...
Não tenho inseguranças de quase nada na vida. Eu sei quem sou, o que tenho por dentro e por fora, conheço bem as minhas qualidades e defeitos e tenho um irremediável amor próprio, que me faz sentir que sou uma criatura linda, imperfeita, mas linda. Quase sempre tenho tudo o que quero e quando perco, não choro pelos cantos, vou a luta por outro sonho. Entendo que a vida é um jogo, uma competição eterna com ganhos, perdas e também danos. Essa consciência não me faz sofrer com as voltas da vida. Eu gosto de competir, mas se perder tudo bem.
Mas tenho lá meus dogmas, meus códigos de honra dentro desse caos. Sou livre e só quero estar ao lado de alguém livre também. Somos pássaros em busca de ares mais frescos e de paisagens diferentes... Mas voar com um parceiro tem mais gosto que voar sozinha.
Não me atenho a fidelidades pré impostas. Há pessoas belas e interessantes, mesmo na frente dos apaixonados. Há vida, individualidade, vontades diferentes, mesmo em almas tão compatíveis. E é bom que tenha mesmo, senão fica tudo tão perfeito que converte o paraíso no inferno rapidinho. Gosto de pessoas que sabem que o caminho não é linear, que somos errados por natureza e que não existe correntes que nos prendem a ninguém e nem a nada. Elos de amor, de carinho, amizade, vontade pura, jamais obrigação.
Com esse conceito, sou fiel, inteiramente fiel, porque se me entrego a um homem, estou com ele de fato e não vejo interesse em explanar outras frentes. Perco o foco e detesto me distrair nessas coisas de estudos humanos. Energia direcionada é o que há. Olhar nos olhos do individuo e saber, cada dia mais, o que há por trás da retina, é toda a mágica do amor. Conhecer suas mudanças de humor, seus medos, desafios, traumas e curiosidades e admirar a cada dia a incrível espécie humana que me fez ficar com a típica cara de babaca e querer voar acompanhada.
E onde entra o ciúmes dentro dessa mulher tão segura?
Entra na atenção. Preciso de atenção, saber que sou amada e que, mesmo que o homem amado flanei por outras nuvens, é a mim que ele ama. Se eu não sei disso, sinto o que chamam de ciúmes. Mas prefiro dizer que isso é solidão. Ou falta de entrosamento. Ou falta de vergonha na cara!
E as mulheres que insistem em querer o homem que está acompanhado, exatamente porque ele está acompanhado? E dizem ser nossas “amigas”... ai que eu detesto falta de caráter! Porque insistem que essa raiva é ciúmes? Eu tenho ira é das mulheres que gostam do que é ou está com os outros, por pura inveja. Eu sei quem sou, que ele ta comigo... mas e a safadeza, fica onde?
Tenho vontade de escancarar, colocar a mulher num poste e expor ao mundo sua falta de respeito e caráter, mas ai vou me desgastar muito para quem não merece, não é?
Sim, ciúme pode expor a gente, de forma ridícula, mentirosa e cruel. Colocarmos diante de situações as quais não merecemos, que não somos, que não nos pertence e distorcer um pensamento que se passa anos lapidando... E abre caminho para as difamadoras, invejas, maledicências.
Eita estrago!
Melhor olhar a frente, adiante e lembrar que mesmo sendo humana, o melhor é ser superior.

quarta-feira, 4 de março de 2009

LÁGRIMAS SEM FIM


Eu tenho lágrimas nos olhos agora. É fato que penso em você. Mas minha cabeça sacode porque tenho problemas que parecem indissolúveis. Sinto um buraco imenso no meu estomago, que nem dói mais. Acho que não tem solução, tudo ta tão escuro que me arde a visão. Ta doendo outra coisa, outro lugar. Pensar em você me dói mais que os meus problemas. Sinto raiva por você não estar aqui agora para me dar a força necessária de superação.
Mas será que você seria capaz?
“Ah, eu sei que posso ser forte sozinha, que posso cavucar e encontrar a força lá dentro, mas não tenho vontade para isso, queria te dar a mão e te olhar, só te olhar em silencio e saber que mesmo que eu entre no abismo, terei um motivo para voltar...”
Vou ficar aqui, fingindo que nada está acontecendo, andando e rodando pelas vielas da vida e entornando o caldo por coisas pequenas, a ter que admitir que é você um elixir.
Eu te amo e me irrita mais que tudo nessa vida. Me faz chorar, me deixar com raiva, coceira, paura, pânico, dor, caos, tremeliques, loucuras, transes, drama, risos incontidos, ódios sem explicação, brigas, ciúmes, inseguranças, tolices e mais tolices amontoadas nesse abrupto ser que sou eu.
Eu to enxugando as lágrimas agora. Chega de chorar, quero ver tv, ouvir música. To cansada de ficar prostrada na cama, feito doente mesmo, imóvel e sem mover um músculo. Vou tomar um banho, pentear os cabelos, colocar uma roupa sem suor e tentar olhar para fora de casa, criar um incentivo para colocar os pés na rua e pensar em meus problemas cruciais, focar neles, vive-los e sofrer com eles, só neles, apenas eles...
Você não deve existir nesse momento. Vou te fazer um rabisco, um borrão na minha vida, para eu não lembrar bem do seu rosto quando eu ficar com saudades.
Um borrão que apague tuas digitais.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

HIPNOSE

Tem um “quê” de retorno em seus olhos. Pode ser volta ou adeus. Quero que volte de vez ou feche a porta com trinco, para não ter possibilidades de retorno e nem de arrombamentos súbitos.
Você me beijou diferente ontem a noite... o tempo passou enquanto estivemos separados. Sua saliva está mais doce e regou minha boca que tinha sede. Eu fiquei de pernas bambas, como nunca fiquei antes. Será o excesso de saudades? Será o acumulo de amor?
Estou com saudades de você, mas sem vontade de sufocar e ficar estatelada na frente do telefone, esperando sua ligação. É saudade de permanecer nos seus sonhos, seus projetos e da delicada lágrima de amor que, eventualmente, escorre de teu coração. Saudade de me permitir te chamar de amor e ocultar de vez a máscara da pura amizade.
Eu quero ser sua de corpo, porque de alma já sou desde que te conheci. Minha alma presa a você e eu nunca quis fugir.
Mas meu corpo é seu! Porque mentir? Você já me teve entre seus dentes e faz de mim o que quiser e eu nunca quis o contrário.
Ainda assim você insiste em nos chamar de amigos... Insiste em beijar outras bocas e permitir que eu vaguei em outros corpos que não são o seu. E o tempo passa, o amor aspira tantas historias contadas e vividas, as paixões acontecem.
(E você insiste em nos chamar, ainda, de amigos).
Eu não quero te pedir abrigo. Eu sou sua. Nem colo, cuidado, apreço, arrego. Eu sou sua. Simplesmente sua e basta.
Eu não quero te pedir nada porque amor não é pedido, não tem “senãos”. Ama-se e pronto, já está incluído humilde e voluntária doação. Eu te amo. Desse jeito, quieto, com medo, tímido, diferente, único, dono de rompantes passionais e viradas espetaculares, capaz de romper dentro de mim as travas de minha inconseqüência. Amo-o comigo e também por trás da porta. Amo-o como veio ao mundo e como o mundo te transformou. Amo-o com o que fez em mim e como o que eu fiz de você: menino.
Cuida de mim por detrás dos óculos. Cuida para que eu não voe com o vento de verão e desapareça no meio do mar, com teu nome travado na minha garganta.

domingo, 25 de janeiro de 2009

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ


Eu o amo. Eu sei que o amor é uma caixa de surpresas, uma onda que não termina, mas que tem suas marolas. Eu sei que ele me ama também. Eu sei também que fazemos um belo casal. Somos loucos, felizes, tolos e jogamos tudo fora para depois procurarmos. Ele me olha nos olhos e chora. Eu o vejo e me arrepio. Eu sei do meu poder e ele sabe do dele. Na verdade, nem temos tanto poder assim porque no nosso beijo tudo se perde, tudo é uma coisa só e somos um do outro de forma irrevogável.
Eu tenho minha alma entregue em suas mãos. Meus caminhos se direcionam aos seus passos e nem sei mais se tudo o que planejei até o momento faz algum sentindo se não estiver atrelado ao seu destino.
Mas um dia nos separamos. Um rompimento nunca é apenas um tempo, mas frações de possibilidades, de términos, de conseqüências. Deixa raízes, marcas, outros caminhos. Eu me vi perdida no meio da estrada, olhando para a frente, para os lados, para tudo que se abriu. E ele está lá, forte, vivo, me chamando e dizendo que nada que eu faça será mais bonito e verdadeiro quanto estar ao seu lado.
Eu o amo. Porque qualquer caminho que eu escolha vai chegar até seus braços e no final, sempre vai valer a pena ter deixado o amor acontecer.

VERMELHO


Ela tem tantas pintas que contar pode ser uma aventura. Não importa, são lindas. Rosadas, coradas, divertidas. Ela é assim, diferente e bela com suas pintas. Dança como uma nuvem e ri como uma deusa. Ela é linda e minha amiga. É bom falar dela com as pessoas, com as palavras e com o coração. Tão bom quanto ouvir suas historias, se contagiar pela sua alegria, saber que onde eu for ela estará por perto.
Senti suas lágrimas um dia quando me viu chorar. Nunca vou esquecer. Isso foi amor. E amor de ruiva é para sempre.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

DELICIA


Ele tem gosto de fruta. É meio agridoce, palatável, sua cor é viva, seu cheiro é forte.
Eu gosto de devora-lo porque não sei se amanha ele fará parte de minha vida, não sei se vai atiçar meus instintos ou se será apenas candura. Gosto de chupar o osso e deflagrar seu dorso, impune aos efeitos do tempo, porque seu tempo é amanha.
Eu gosto mesmo é de estar por cima. Ou por baixo, de lado, de frente, de costas, onde der vontade. Onde der.
Eu gosto do completo, do inteiro, do fogo que ele emana em seus poros. Gosto dos seus pelos ou da ausência deles. Gosto de suas alcunhas, fissuras, marcas, manhas, possibilidades, erros, barganhas.
Ele tem um jeito que nem sei o que é, tão simples, tão provável, tão difícil de encontrar em qualquer lugar e que fica, inexplicavelmente perfeito, quando está dentro de mim.

INSTANTES SEM TREGUAS




Hoje derramei nove mil lágrimas por você. Rompi a promessa de não chorar mais e nem sequer lamentar. Mas às vezes eu rompo promessas, tais como de fazer dietas e parar de fumar, também não consigo cessar o amor que sinto por você.
Fiquei tão abalada que não voltei mais ao normal, se é que tenho um “normal”. Ser intenso é um castigo de várias encarnações de pecados e julho meu sinal de nascença como uma marca de intensidade eterna.
Vou escrever mais nove mil vezes no meu diário que não devo chorar, não devo chorar, não devo chorar... Estarei tão cansada no final que meu corpo se anestesiará. Mas agora, meus olhos estão inchados.
Eu tive um ciúme velado, eu sei, que cortou mais que sete pontas de facas. Então gritei forte para cortar de vez a carne safada de ciumenta tosca. Mas se há amor, o que será de mim, tola poeta? E se há amor (talvez ele exista), vou te querer por perto mesmo que esse perto seja só onírico.
Então, te amo e rompo de vez essa clausura de prantos ou justifico de vez.
Não me lembro muito bem os detalhes, apenas as cores. Queria lembrar do teu rosto para não recorrer as fotos. As fotos mentem e prendem espíritos inquietos.
Você é vivo demais para não ter movimentos.
Acho que vou chorar, chegou aquela hora piegas e morrer de saudades, culpas, medos, amor faz toda a diferença.
Porque se eu chorar, e eu preciso chorar, pode ser que você se vá. Mas pode ser que fique para sempre também.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

FELIZ ANO NOVO


Ontem foi reveillon. Vesti branco, tasquei uma rosa vermelha bem na área do coração, um anel bem bonito, a melhor maquiagem e peguei a garrafa de champanhe do freezer. Por dentro do vestido, todas as expectativas para um novo ano novo, daqueles renovados, bem limpinhos das manchas do passado. Com cara mesmo de coisa nova, cheiro de novo, brilhante, que dá gosto de começar a usar. Não pude deixar de chorar um pouco antes da meia noite e também durante os fogos, porque sobrevivi a tempos difíceis e experiências intensas demais para os outros anos passados e findos. Chorei e como nunca fiz, apenas agradeci por estar ali, tão bem, feliz, suave, explicita, viva, apaixonada por mim.
Nas ondas do mar, batendo forte em minhas pernas, fiz uma homenagem aos santos, deuses, musos.
Aos amigos que conquistei e que foram muitos, aos amores que avassalaram minha vida, a família que não sai de mim, as músicas que me fizeram tão bem, aos livros que li, as flores que ganhei, as palavras que recebi, aos filmes que assisti e chorei, as festas que me divertiram, aos excessos de tudo o que entorpece, ao silencio que cometi em brandos tempos de gloria e aos gritos que proferi em solidão... Minha reverencia! Ajoelho diante do mar, de pernas arqueadas e humildes, para agradecer a pessoa que me tornei e a pessoa que já se foi de mim.
Meu celular se afogou no salgado das espumas e perdi também o tempo dos homens. Agora só me resta estar onde for o momento destinado pelo que não posso controlar.
A água do mar levou pro fundo de seus devaneios, todas as esperanças fúteis, as expectativas escandalosas e só deixou o que é amor, para que o inicio do novo ano seja repleto de paz em torno de meu espaço. E que eu respire amor, só amor mesmo que com os olhos rasos d´água.
Brindei com os amigos presentes e os ausentes. Brindei com o barco lá no fundo, que servia de cenário para a celebração da virada. Nem vi os fogos que insistiam em hipnotizar. Tinha um espelho defronte, onde reluzia a esperança intrínseca.
Uma noite como todas as outras, mas escolhida para ser aquela que decidimos ser pessoas melhores do que já conseguimos ser.
E talvez, eu possa conseguir mais essa vitória.