quarta-feira, 25 de março de 2009

ARAUTO


Gosto de tudo o que é claro: janelas, roupas, dia e palavras. Odeio metades, pedaços, restos. Suporto tempestades, ventanias e rotinas, mas morro diante da hipocrisia. Meu talento é brigar com o mundo para ser o que sou de verdade e não meço as conseqüências de ter meu próprio caminho.
Lamento os dogmas, preconceitos, medos de romper leis sem sentido, daquelas que colocam correntes na alma. Minhas asas não são podadas e mesmo com o céu cinza, vôo quando tenho vontade de voar.
Não acredito em meias verdades e em “achismos” que não são fatos. No meu dicionário, verdade significa amor.
Abomino palavras frívolas que se espalham pelas vielas, como lama de esgoto. O mal se dissimina como vírus nas veias de quem se permite acolhe-lo.
Meu peito está nu, sem vergonhas ou falsos moralismos e admito a esquizofrenia fadada da carência, que impregan meus movimentos com rotulada chatice. Dos meus lábios soltam flores e porcos e os meus pés já andaram em ruas sem decência. Pouco importa os defeitos se o meu coração se mantem vermelho escarlate diante de tudo o que se move.
Meu tempo é agora, minha vida pode ser um livro cheio de letras enfadonhas, mas nunca resumido em resenhas. Traço meu caminho a lenha e vou pelo avesso, só para não enjoar.
Perdôo mágoas, grosserias e injustiças e propago que todos podem ter mais uma chance de acertar o alvo, até quando o alvo é o próprio pé. Os tiros saem pela colatra, as palavras voltam como tapas na cara e um gesto nunca fica impune.
Permaneço com os pés na areia quando a onda bate forte e leva as pegadas. Ainda quero as coisas claras, sem rodeios, mesmo quando dá medo de acender a luz.

terça-feira, 17 de março de 2009

SEM SAIDA


Você me angustia quando retoca os óculos no lugar. Seu jeito turvo de virar a cabeça denota timidez. Falsa timidez, concluo. Você fala manso, tem voz doce, pausada. Seu caminhar é descompromissado, induz liberdade provisória e sua roupa contribui para essa impressão.
Mas não me engano: amo um lobo. E que me devora, sorrateiramente, nos vãos que encontra de soslaio. Me chama de filha após se saciar e eu fico em silencio, semi amedrontada.
Sou presa fácil... range os dentes quando vê meu pavor. E um pavor sublime, do tipo que verte para as nuvens e ventanias.
Sinto saudades dessas presas quando estou suspeitamente liberta. Um vicio, que pode ser para sempre ou talvez, tarde demais para entender.

DESCONJUTADA


“Me dá sua mão, estou com medo. Faz frio aqui, tremo. Ta escuro! Onde está a luz? Sim, te sigo. Lógico, confio em você. Te amo, posso dizer? Ta bom não é a hora. Mas terá uma hora? Ok, sou ansiosa, vou aprender a respirar. Sim, vou aprender, farei força. Estou quieta, pronto. Vou continuar a andar. Meus joelhos doem. Não, não vou começar a reclamar, mas deu uma câimbra estranha na batata da perna. Adoro suas mãos no meu corpo. Não para, por favor. Me dá um beijo. Adoro teu beijo. Minhas pernas ficaram bambas. Sua língua me arrepia. Gosto quando seus dedos não se controlam e testam meu sexo. Não saia mais, por favor. De alguma forma te quero dentro de mim, para sempre. Não para... tá bem, vamos continuar. Sozinha? Jamais! Sem você meus pés engessam. Sim, tenho medo de seguir sem tua mão. Sou forte, mas sem você não tem sentido seguir. Pronto, meu coração acelerou. Não me deixe sozinha. Fica mais um pouco, não sou corajosa sem você. Vou implorar para você ficar até ficar uma chata insuportável. Sim, consigo ser muito chata, você sabe. Você tem medo? De mim? Para... não faça isso. Eu te protejo. Como? Não sei, talvez eu tenha asas. Vou te apertar contra meu peito até te sufocar. Confia em mim. Não, não vá. Porque? Posso dizer agora? Te amo. Sim, é verdade. Não sei se você me ama mais que eu te amo, mas porque medir? Amor não se mede querido. Olha para mim, to entregue a você. De joelhos para te dizer que sem você não faz o menor sentido continuar a andar. Me leva onde você quiser. Promete que lutará por mim? Acredito em você. Posso acreditar? Nunca te esquecerei, você está dentro de mim como uma tatuagem. Não sai nunca. Não me olha assim... dá vontade de chorar. Você sempre me faz chorar. Tenho medo de não ter suas mãos no meu caminho. Não me solta. Vou ser repetitiva, você pode me odiar um dia. Sério? Me ama mesmo assim? Duvido! Amanha? Não sei. O que é amanha? O tempo é cruel e bom, mas não sei se ele está do meu lado. Tenho medo dele. Porque? Porque te amo. Fica...”

segunda-feira, 9 de março de 2009


Amigos??? melhor não te-los!
Mas sem eles, o que seremos?

ELO

Não quero beijos, promessas, sexo e nem discutir a relação. Quero apenas teu abraço, silencioso, firme, teu. Não preciso que me digas o que fazer e dar conselhos sobre meus problemas. Apenas peço que me abrace.
Vou encontrar meus caminhos, tecer energias e me sentir protegida pela eternidade nos teus braços. Mesmo que depois você se vá, na espreita da noite e sem deixar um bilhete de adeus.



quinta-feira, 5 de março de 2009

Ciumes, eu?



Ciúme é uma palavra carregada de palavrões nas entrelinhas. É tão condenável sentir ciúmes, que já vejo com a corda da forca no meu pescoço se me atrevo a tal pecado.
Mas ciúme é humano, como todos os pecados são. E eu sou humana...
Não tenho inseguranças de quase nada na vida. Eu sei quem sou, o que tenho por dentro e por fora, conheço bem as minhas qualidades e defeitos e tenho um irremediável amor próprio, que me faz sentir que sou uma criatura linda, imperfeita, mas linda. Quase sempre tenho tudo o que quero e quando perco, não choro pelos cantos, vou a luta por outro sonho. Entendo que a vida é um jogo, uma competição eterna com ganhos, perdas e também danos. Essa consciência não me faz sofrer com as voltas da vida. Eu gosto de competir, mas se perder tudo bem.
Mas tenho lá meus dogmas, meus códigos de honra dentro desse caos. Sou livre e só quero estar ao lado de alguém livre também. Somos pássaros em busca de ares mais frescos e de paisagens diferentes... Mas voar com um parceiro tem mais gosto que voar sozinha.
Não me atenho a fidelidades pré impostas. Há pessoas belas e interessantes, mesmo na frente dos apaixonados. Há vida, individualidade, vontades diferentes, mesmo em almas tão compatíveis. E é bom que tenha mesmo, senão fica tudo tão perfeito que converte o paraíso no inferno rapidinho. Gosto de pessoas que sabem que o caminho não é linear, que somos errados por natureza e que não existe correntes que nos prendem a ninguém e nem a nada. Elos de amor, de carinho, amizade, vontade pura, jamais obrigação.
Com esse conceito, sou fiel, inteiramente fiel, porque se me entrego a um homem, estou com ele de fato e não vejo interesse em explanar outras frentes. Perco o foco e detesto me distrair nessas coisas de estudos humanos. Energia direcionada é o que há. Olhar nos olhos do individuo e saber, cada dia mais, o que há por trás da retina, é toda a mágica do amor. Conhecer suas mudanças de humor, seus medos, desafios, traumas e curiosidades e admirar a cada dia a incrível espécie humana que me fez ficar com a típica cara de babaca e querer voar acompanhada.
E onde entra o ciúmes dentro dessa mulher tão segura?
Entra na atenção. Preciso de atenção, saber que sou amada e que, mesmo que o homem amado flanei por outras nuvens, é a mim que ele ama. Se eu não sei disso, sinto o que chamam de ciúmes. Mas prefiro dizer que isso é solidão. Ou falta de entrosamento. Ou falta de vergonha na cara!
E as mulheres que insistem em querer o homem que está acompanhado, exatamente porque ele está acompanhado? E dizem ser nossas “amigas”... ai que eu detesto falta de caráter! Porque insistem que essa raiva é ciúmes? Eu tenho ira é das mulheres que gostam do que é ou está com os outros, por pura inveja. Eu sei quem sou, que ele ta comigo... mas e a safadeza, fica onde?
Tenho vontade de escancarar, colocar a mulher num poste e expor ao mundo sua falta de respeito e caráter, mas ai vou me desgastar muito para quem não merece, não é?
Sim, ciúme pode expor a gente, de forma ridícula, mentirosa e cruel. Colocarmos diante de situações as quais não merecemos, que não somos, que não nos pertence e distorcer um pensamento que se passa anos lapidando... E abre caminho para as difamadoras, invejas, maledicências.
Eita estrago!
Melhor olhar a frente, adiante e lembrar que mesmo sendo humana, o melhor é ser superior.

quarta-feira, 4 de março de 2009

LÁGRIMAS SEM FIM


Eu tenho lágrimas nos olhos agora. É fato que penso em você. Mas minha cabeça sacode porque tenho problemas que parecem indissolúveis. Sinto um buraco imenso no meu estomago, que nem dói mais. Acho que não tem solução, tudo ta tão escuro que me arde a visão. Ta doendo outra coisa, outro lugar. Pensar em você me dói mais que os meus problemas. Sinto raiva por você não estar aqui agora para me dar a força necessária de superação.
Mas será que você seria capaz?
“Ah, eu sei que posso ser forte sozinha, que posso cavucar e encontrar a força lá dentro, mas não tenho vontade para isso, queria te dar a mão e te olhar, só te olhar em silencio e saber que mesmo que eu entre no abismo, terei um motivo para voltar...”
Vou ficar aqui, fingindo que nada está acontecendo, andando e rodando pelas vielas da vida e entornando o caldo por coisas pequenas, a ter que admitir que é você um elixir.
Eu te amo e me irrita mais que tudo nessa vida. Me faz chorar, me deixar com raiva, coceira, paura, pânico, dor, caos, tremeliques, loucuras, transes, drama, risos incontidos, ódios sem explicação, brigas, ciúmes, inseguranças, tolices e mais tolices amontoadas nesse abrupto ser que sou eu.
Eu to enxugando as lágrimas agora. Chega de chorar, quero ver tv, ouvir música. To cansada de ficar prostrada na cama, feito doente mesmo, imóvel e sem mover um músculo. Vou tomar um banho, pentear os cabelos, colocar uma roupa sem suor e tentar olhar para fora de casa, criar um incentivo para colocar os pés na rua e pensar em meus problemas cruciais, focar neles, vive-los e sofrer com eles, só neles, apenas eles...
Você não deve existir nesse momento. Vou te fazer um rabisco, um borrão na minha vida, para eu não lembrar bem do seu rosto quando eu ficar com saudades.
Um borrão que apague tuas digitais.