
Ciúme é uma palavra carregada de palavrões nas entrelinhas. É tão condenável sentir ciúmes, que já vejo com a corda da forca no meu pescoço se me atrevo a tal pecado.
Mas ciúme é humano, como todos os pecados são. E eu sou humana...
Não tenho inseguranças de quase nada na vida. Eu sei quem sou, o que tenho por dentro e por fora, conheço bem as minhas qualidades e defeitos e tenho um irremediável amor próprio, que me faz sentir que sou uma criatura linda, imperfeita, mas linda. Quase sempre tenho tudo o que quero e quando perco, não choro pelos cantos, vou a luta por outro sonho. Entendo que a vida é um jogo, uma competição eterna com ganhos, perdas e também danos. Essa consciência não me faz sofrer com as voltas da vida. Eu gosto de competir, mas se perder tudo bem.
Mas tenho lá meus dogmas, meus códigos de honra dentro desse caos. Sou livre e só quero estar ao lado de alguém livre também. Somos pássaros em busca de ares mais frescos e de paisagens diferentes... Mas voar com um parceiro tem mais gosto que voar sozinha.
Não me atenho a fidelidades pré impostas. Há pessoas belas e interessantes, mesmo na frente dos apaixonados. Há vida, individualidade, vontades diferentes, mesmo em almas tão compatíveis. E é bom que tenha mesmo, senão fica tudo tão perfeito que converte o paraíso no inferno rapidinho. Gosto de pessoas que sabem que o caminho não é linear, que somos errados por natureza e que não existe correntes que nos prendem a ninguém e nem a nada. Elos de amor, de carinho, amizade, vontade pura, jamais obrigação.
Com esse conceito, sou fiel, inteiramente fiel, porque se me entrego a um homem, estou com ele de fato e não vejo interesse em explanar outras frentes. Perco o foco e detesto me distrair nessas coisas de estudos humanos. Energia direcionada é o que há. Olhar nos olhos do individuo e saber, cada dia mais, o que há por trás da retina, é toda a mágica do amor. Conhecer suas mudanças de humor, seus medos, desafios, traumas e curiosidades e admirar a cada dia a incrível espécie humana que me fez ficar com a típica cara de babaca e querer voar acompanhada.
E onde entra o ciúmes dentro dessa mulher tão segura?
Entra na atenção. Preciso de atenção, saber que sou amada e que, mesmo que o homem amado flanei por outras nuvens, é a mim que ele ama. Se eu não sei disso, sinto o que chamam de ciúmes. Mas prefiro dizer que isso é solidão. Ou falta de entrosamento. Ou falta de vergonha na cara!
E as mulheres que insistem em querer o homem que está acompanhado, exatamente porque ele está acompanhado? E dizem ser nossas “amigas”... ai que eu detesto falta de caráter! Porque insistem que essa raiva é ciúmes? Eu tenho ira é das mulheres que gostam do que é ou está com os outros, por pura inveja. Eu sei quem sou, que ele ta comigo... mas e a safadeza, fica onde?
Tenho vontade de escancarar, colocar a mulher num poste e expor ao mundo sua falta de respeito e caráter, mas ai vou me desgastar muito para quem não merece, não é?
Sim, ciúme pode expor a gente, de forma ridícula, mentirosa e cruel. Colocarmos diante de situações as quais não merecemos, que não somos, que não nos pertence e distorcer um pensamento que se passa anos lapidando... E abre caminho para as difamadoras, invejas, maledicências.
Eita estrago!
Melhor olhar a frente, adiante e lembrar que mesmo sendo humana, o melhor é ser superior.