domingo, 25 de janeiro de 2009

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ


Eu o amo. Eu sei que o amor é uma caixa de surpresas, uma onda que não termina, mas que tem suas marolas. Eu sei que ele me ama também. Eu sei também que fazemos um belo casal. Somos loucos, felizes, tolos e jogamos tudo fora para depois procurarmos. Ele me olha nos olhos e chora. Eu o vejo e me arrepio. Eu sei do meu poder e ele sabe do dele. Na verdade, nem temos tanto poder assim porque no nosso beijo tudo se perde, tudo é uma coisa só e somos um do outro de forma irrevogável.
Eu tenho minha alma entregue em suas mãos. Meus caminhos se direcionam aos seus passos e nem sei mais se tudo o que planejei até o momento faz algum sentindo se não estiver atrelado ao seu destino.
Mas um dia nos separamos. Um rompimento nunca é apenas um tempo, mas frações de possibilidades, de términos, de conseqüências. Deixa raízes, marcas, outros caminhos. Eu me vi perdida no meio da estrada, olhando para a frente, para os lados, para tudo que se abriu. E ele está lá, forte, vivo, me chamando e dizendo que nada que eu faça será mais bonito e verdadeiro quanto estar ao seu lado.
Eu o amo. Porque qualquer caminho que eu escolha vai chegar até seus braços e no final, sempre vai valer a pena ter deixado o amor acontecer.

VERMELHO


Ela tem tantas pintas que contar pode ser uma aventura. Não importa, são lindas. Rosadas, coradas, divertidas. Ela é assim, diferente e bela com suas pintas. Dança como uma nuvem e ri como uma deusa. Ela é linda e minha amiga. É bom falar dela com as pessoas, com as palavras e com o coração. Tão bom quanto ouvir suas historias, se contagiar pela sua alegria, saber que onde eu for ela estará por perto.
Senti suas lágrimas um dia quando me viu chorar. Nunca vou esquecer. Isso foi amor. E amor de ruiva é para sempre.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

DELICIA


Ele tem gosto de fruta. É meio agridoce, palatável, sua cor é viva, seu cheiro é forte.
Eu gosto de devora-lo porque não sei se amanha ele fará parte de minha vida, não sei se vai atiçar meus instintos ou se será apenas candura. Gosto de chupar o osso e deflagrar seu dorso, impune aos efeitos do tempo, porque seu tempo é amanha.
Eu gosto mesmo é de estar por cima. Ou por baixo, de lado, de frente, de costas, onde der vontade. Onde der.
Eu gosto do completo, do inteiro, do fogo que ele emana em seus poros. Gosto dos seus pelos ou da ausência deles. Gosto de suas alcunhas, fissuras, marcas, manhas, possibilidades, erros, barganhas.
Ele tem um jeito que nem sei o que é, tão simples, tão provável, tão difícil de encontrar em qualquer lugar e que fica, inexplicavelmente perfeito, quando está dentro de mim.

INSTANTES SEM TREGUAS




Hoje derramei nove mil lágrimas por você. Rompi a promessa de não chorar mais e nem sequer lamentar. Mas às vezes eu rompo promessas, tais como de fazer dietas e parar de fumar, também não consigo cessar o amor que sinto por você.
Fiquei tão abalada que não voltei mais ao normal, se é que tenho um “normal”. Ser intenso é um castigo de várias encarnações de pecados e julho meu sinal de nascença como uma marca de intensidade eterna.
Vou escrever mais nove mil vezes no meu diário que não devo chorar, não devo chorar, não devo chorar... Estarei tão cansada no final que meu corpo se anestesiará. Mas agora, meus olhos estão inchados.
Eu tive um ciúme velado, eu sei, que cortou mais que sete pontas de facas. Então gritei forte para cortar de vez a carne safada de ciumenta tosca. Mas se há amor, o que será de mim, tola poeta? E se há amor (talvez ele exista), vou te querer por perto mesmo que esse perto seja só onírico.
Então, te amo e rompo de vez essa clausura de prantos ou justifico de vez.
Não me lembro muito bem os detalhes, apenas as cores. Queria lembrar do teu rosto para não recorrer as fotos. As fotos mentem e prendem espíritos inquietos.
Você é vivo demais para não ter movimentos.
Acho que vou chorar, chegou aquela hora piegas e morrer de saudades, culpas, medos, amor faz toda a diferença.
Porque se eu chorar, e eu preciso chorar, pode ser que você se vá. Mas pode ser que fique para sempre também.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

FELIZ ANO NOVO


Ontem foi reveillon. Vesti branco, tasquei uma rosa vermelha bem na área do coração, um anel bem bonito, a melhor maquiagem e peguei a garrafa de champanhe do freezer. Por dentro do vestido, todas as expectativas para um novo ano novo, daqueles renovados, bem limpinhos das manchas do passado. Com cara mesmo de coisa nova, cheiro de novo, brilhante, que dá gosto de começar a usar. Não pude deixar de chorar um pouco antes da meia noite e também durante os fogos, porque sobrevivi a tempos difíceis e experiências intensas demais para os outros anos passados e findos. Chorei e como nunca fiz, apenas agradeci por estar ali, tão bem, feliz, suave, explicita, viva, apaixonada por mim.
Nas ondas do mar, batendo forte em minhas pernas, fiz uma homenagem aos santos, deuses, musos.
Aos amigos que conquistei e que foram muitos, aos amores que avassalaram minha vida, a família que não sai de mim, as músicas que me fizeram tão bem, aos livros que li, as flores que ganhei, as palavras que recebi, aos filmes que assisti e chorei, as festas que me divertiram, aos excessos de tudo o que entorpece, ao silencio que cometi em brandos tempos de gloria e aos gritos que proferi em solidão... Minha reverencia! Ajoelho diante do mar, de pernas arqueadas e humildes, para agradecer a pessoa que me tornei e a pessoa que já se foi de mim.
Meu celular se afogou no salgado das espumas e perdi também o tempo dos homens. Agora só me resta estar onde for o momento destinado pelo que não posso controlar.
A água do mar levou pro fundo de seus devaneios, todas as esperanças fúteis, as expectativas escandalosas e só deixou o que é amor, para que o inicio do novo ano seja repleto de paz em torno de meu espaço. E que eu respire amor, só amor mesmo que com os olhos rasos d´água.
Brindei com os amigos presentes e os ausentes. Brindei com o barco lá no fundo, que servia de cenário para a celebração da virada. Nem vi os fogos que insistiam em hipnotizar. Tinha um espelho defronte, onde reluzia a esperança intrínseca.
Uma noite como todas as outras, mas escolhida para ser aquela que decidimos ser pessoas melhores do que já conseguimos ser.
E talvez, eu possa conseguir mais essa vitória.